Criminalidade e os problemas sociais

Há quem diga que a violência é fruto de uma sociedade onde existe fome, miséria e baixa qualidade de vida. Será que o crescimento descontrolado da violência em nossa região, mais precisamente envolvendo as pessoas do nosso município está relacionado à crise econômica e social? E como acabar com ela? Pra começo de conversa, deveríamos dis­cu­tir se­gu­ran­ça pú­bli­ca, pois ela vai mui­to além de apon­tar quem é ou não ban­di­do, se o go­ver­no cum­pre seu pa­pel co­mo agen­te pú­bli­co e se a so­ci­e­da­de es­tá sa­tis­fei­ta com o ser­vi­ço pres­ta­do.

Nós gostaríamos de an­dar pe­las ru­as em paz, sem ter com que se pre­o­cu­par. Che­gar ou sa­ir de ca­sa sa­ben­do que vai ter a tranqüilidade que deseja.

É público e notório que nos últimos anos a criminalidade por aqui cres­ceu signifi­ca­ti­va­men­te em um pe­rí­o­do re­la­ti­va­men­te cur­to. Vamos relembrar alguns casos mar­can­tes que cho­ca­ram a população do nosso município.

- Em fevereiro de 2008 um mototaxista foi morto a tiros na tarde do dia 16, na cidade de Serrinha. Alain Delon da Silva Menezes, na época com 27 anos, foi morto na rua Catu, no Bairro da Santa. Ao deixar um passageiro desconhecido em casa, ele foi alvejado por um homem que estava na carona de outra moto.

- Na manhã do dia 26 de setembro de 2010 Antonio Carlos Paixão foi executado com tiros no peito e na cabeça, no povoado de Pau D´Arco e depois sua moto foi encontrada numa ribanceira as margens da BA que liga Candeal a cidade de Ichu, próximo a Caixa D´água da EMBASA na saída da cidade.  

- Além das ocor­rên­cias de fur­tos e rou­bos e de outros casos não postados aqui por falta de informações, um dos crimes mais bárbaros foi o de Amara Dias Bezerra de 41 anos de idade, natural de Candeal e que trabalhava em Feira de Santana. Seu corpo foi encontrado na fazenda Palmeiras no povoado de Tigre no município de Tanquinho, no dia 23 de outubro deste, com perfurações de tiros no pescoço e na cabeça. A Polícia Civil de Tanquinho deverá “tentar” elucidar o caso.

- Em agosto deste ano, um homem  de identidade desconhecida aparentando, 24 anos,  foi encontrado morto próximo ao povoado de Belo Alto, na estrada que liga o povoado a BR 324, os braços e a boca do mesmo estavam amarrados com fita isolante, indícios indicaram que ele foi executado na madrugada do dia 03 com aproximadamente cinco tiros.

- Outra barbaridade foi a tentativa de homicídio seguida de suicídio cometida na manhã de quinta-feira dia 11 de novembro de 2010 na comunidade de Chapada, pelo aposentado de prenome Anísio. O agricultor utilizou uma faca para cortar a garganta de sua esposa e ao achar que a mesma estava morta cometeu suicídio com a mesma faca. Vizinhos afirmavam que o crime foi motivado por ciúmes.

- Outro crime, um dos que mais assola nosso país e causa maior indignação ao nosso povo é aquele que os nossos governantes cometem. A cidade de Candeal não ficou de fora. A Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR1), através do Ministério Público Federal, denunciou o prefeito Ribeiro Tavares, por sonegação de tributos federais. O prefeito teria deixado de declarar mais de R$ 1 milhão, omitindo as remunerações pagas a prestadores de serviços, além de não ter repassado à União mais de R$ 11 mil descontados desses empregados.

Segundo a denúncia, Ribeiro Tavares apresentou 67 guias de recolhimento do FGTS e informações à Previdência Social (GFIPs) referentes a serviços prestados ao município, não incluindo todas as remunerações pagas aos segurados no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2008, e fevereiro de 2010, o que causou omissão, em valores atualizados, de R$ 1.048.983,06. Houve também desconto de R$ 11.699,96 da remuneração dos prestadores de serviço entre abril e dezembro de 2008, a título de contribuição previdenciária, sem o devido repasse dos tributos à União.

“O prefeito pode ser condenado pelos crimes de suprimir contribuição previdenciária e de deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas no prazo legal, ambos os crimes puníveis com penas de reclusão de dois a cinco anos, cada”, explicou o procurador regional Juliano Baiocchi Villa-Verde de Carvalho.

Esses casos, po­rém, são con­si­de­ra­dos pon­tu­ais e de­cor­ren­tes de fa­to­res que vão além da al­ça­da das Po­lí­cias Ci­vil e Mi­li­tar. A atuação das Polícias Civil e Militar deveria contribuir para re­du­zir os ín­di­ces de vi­o­lên­cia no Es­ta­do, é claro que se faz necessário um es­for­ço mui­to gran­de por par­te das po­lí­cias pa­ra re­a­li­zar um bom tra­ba­lho. Sabe-se que a fal­ta de efe­ti­vo é um gran­de pro­ble­ma onde o po­li­ci­al aca­ba ten­do que tra­ba­lhar o do­bro do que de­ve­ria. 

Mas nada justifica que nossa querida Candeal se deixe levar pelas ações arbitrárias das polícias, se deixe levar pelas palavras enganosas e de interesses particulares dos políticos ruins e tampouco pela liberação do uso indevido de entorpecentes pelos nossos jovens que urgem por mudanças, a fim de vislumbrarem um futuro melhor para cada um.

A po­lí­cia ju­di­ci­á­ria tem um bai­xo efe­ti­vo de in­ves­ti­ga­do­res além de de­le­ga­cias desestrutu­ra­das, o que, segundo ele, le­va a uma sen­sa­ção de im­pu­ni­da­de que aca­ba incentivan­do prá­ti­cas ilí­ci­tas. A vi­o­lên­cia tem cres­ci­do de­vi­do às in­jus­ti­ças so­ci­ais, principalmen­te on­de o in­di­ví­duo é mui­tas ve­zes le­va­do a pra­ti­car cri­mes por fal­ta de oportu­ni­da­des. “O jo­vem com uma ar­ma na mão re­a­li­za vá­rios as­sal­tos em uma se­ma­na e le­van­ta di­nhei­ro que não con­se­gui­ria tra­ba­lhan­do ho­nes­ta­men­te”.

Deveria ser pri­o­ri­da­de os cri­mes de mai­or re­per­cus­são, os mais vi­o­len­tos, as­sim co­mo os fla­gran­tes. Pa­ra ini­bir a vi­o­lên­cia, é imprescindível a pre­sen­ça ma­ci­ça das au­to­ri­da­des, tan­to nas de­le­ga­cias quan­to na rua. Inclusive a ne­ces­si­da­de de po­lí­ti­cas pú­bli­cas efi­ci­en­tes que co­la­bo­rem na re­du­ção da oci­o­si­da­de e fal­ta de em­pre­go.

Para resolver esses problemas de criminalidades as autoridades públicas devem intensifi­car as ações de in­clu­são so­ci­al, re­du­ção da de­si­gual­da­de, ge­rar em­pre­go e ren­da e im­plan­tar es­co­las de tem­po in­te­gral. Quan­do a po­pu­la­ção não tem aces­so às con­di­ções bási­cas de vi­da, a vi­o­lên­cia vai se acen­tu­an­do. Nosso município pre­ci­sa cri­ar ca­da vez mais es­pa­ço para que o po­der pú­bli­co pos­sa ter uma boa ação nes­te sen­ti­do. Cobrar a me­lho­ria da qualidade dos ser­vi­ços presta­dos à po­pu­la­ção é um di­rei­to do ci­da­dão. Ca­be a so­ci­e­da­de co­mo um todo ava­li­ar as me­lho­res saí­das pa­ra que ha­ja mu­dan­ças re­ais na Se­gu­ran­ça Pública em to­dos os ní­veis, na­ci­o­nal, re­gi­o­nal e lo­cal. Pon­tos po­si­ti­vos e negati­vos certamen­te sem­pre exis­ti­rão, mas é pre­ci­so es­tar aten­to pa­ra que Candeal não si­ga os mesmos ca­mi­nhos traçados por ci­da­des co­mo Rio de Janei­ro e São Pau­lo, dentro das devidas proporções, é claro, que pa­gam ca­ro por te­rem ma­qui­a­do es­te pro­ble­ma.